- Mulheres empreendedoras,
Núcleo de Mulheres Empreendedoras é uma iniciativa pioneira no Estado de São Paulo
Toda segunda quarta-feira do mês a sala de cursos da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André) é tomada por grupo de 30 mulheres. São empresárias e executivas convidadas a participar da primeira turma do Núcleo de Mulheres Empreendedoras. A iniciativa é pioneira no Estado de São Paulo e se tornou ambiente propício para instigar a veia empreendedora das participantes com troca de experiências e disseminação de conceitos corporativos. A Acisa conta com o apoio do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) para identificar as necessidades do grupo e oferecer cursos gratuitamente.
Para fazer parte do NME basta ter o perfil exigido pelo regimento interno: ser sócia ou titular de uma empresa ou ocupar cargo em nível de gerência. “O trabalho não tem prazo para acabar. Podemos abrir novas turmas de acordo com a demanda” — afirma a coordenadora Meire de Mattos Ciarleglio, diretora da Acisa e sócia-proprietária da Molas Padroeira, em Santo André.
A diversidade do ambiente é ponto favorável para ter ainda mais conhecimento sobre variáveis de ter negócio próprio ou gerenciar uma companhia. Fazer parte do grupo é estar em contato com empresárias de diferentes setores. “Elas têm possibilidade de conhecer as peculiaridades dos outros setores e, ao mesmo tempo, perceber que os desafios e soluções são semelhantes” — acredita Meire Ciarleglio.
Exposições como a da especialista em tributos Sandra Moraes Almeida, proprietária do escritório de Soluções Tributárias GNBRASIL que deixam explícito o entusiasmo das participantes em absorver o máximo de informações. Sandra foi bombardeada assim que abriu rodada de perguntas. Tarefas como cálculos tributários e processos para abertura da empresa são a ponta do iceberg para dar o primeiro passo. “Uma delas chegou a confidenciar que finalmente havia encontrado o lugar que precisava para entender trâmites que normalmente a levariam a perder muito tempo para aprender sozinha” — relata Meire Ciarleglio.
A jornalista Lucia Sauerbronn deu outro exemplo de como dividir experiências ao levar às integrantes do NME o que vivenciou em viagem à China. Com fotos, curiosidades sobre a culinária e hábitos dos chineses, ela reuniu argumentos para mostrar o comprometimento que os orientais têm com trabalho e enriquecimento do país. “São amostras de como a atividade passou a aguçar a sensibilidade para detalhes antes despercebidos. Isso serve como combustível para nossas discussões” — explica a coordenadora.
Meire Ciarleglio dá ênfase ao desenvolvimento do espírito de liderança. Missão que será levada a sério. A proposta é ter parte das integrantes do NME no corpo diretivo da Acisa. Já foram iniciados debates ligados ao Direito político-administrativo para mostrar o universo incubador de líderes do Poder Público. “Temos a intenção de estimular as empresárias a disputar cargos públicos. São poucas as mulheres na Administração Pública com qualificação para nos representar” — acentua Meire Ciarleglio.
As necessidades apresentadas pelas empresárias foram colocadas no papel nas primeiras reuniões. Os representantes do Sebrae chegaram à conclusão de que os anseios são muito semelhantes: dificuldades em torno de negociação com fornecedores, gerenciamento do fluxo de caixa e definição de preço de venda. Os primeiros cursos ministrados foram Aprender e Empreender e Mulher Empreendedora.
Iniciativas como as da Acisa pegam carona no avanço da participação das mulheres no mercado de trabalho. Estudo da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres aponta que 52,6% passaram a ter atividade formal em 2006 contra 46% em 1996. Uma das barreiras é aumentar os rendimentos. A renda média das brasileiras é de R$ 577,01, enquanto a média dos brasileiros está em R$ 885,56. Os valores são contraditórios com a informação de que a massa trabalhadora feminina apresenta nível de escolaridade e qualificação superior à dos homens.